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O mercado de Riscos Globais no México. Perspectivas para 2023

Julia Maria Gomez de Avila Segade | 23/03/2023

A análise do cenário do mercado de grandes riscos na atual conjuntura mundial parece ser um trabalho utópico, sobretudo em um contexto macroeconômico onde a inflação, a mudança climática e a desigualdade social são fatores determinantes. Por tanto, para abordar esse tema, optamos por dividir os setores a serem analisados e analisamos os impactos e benefícios sobre eles.

O setor do turismo é um dos que prevê maior desenvolvimento, com investimentos significativos tanto em balneários quanto em viagens a negócios, beneficiando o setor hoteleiro e de varejo. Como principal ativo no setor terciário, o turismo sempre foi considerado estratégico. Recentemente, vêm sendo definidas normas legislativas que impulsionam o desenvolvimento e respeito tanto ao patrimônio quanto aos recursos naturais do país. Como o ICEX afirma, citando a Secretaria de Turismo, a contribuição ao PIB está em torno de 8,5% a 8,9%. “De acordo com dados do Ranking 2021 da Organização Mundial de Turismo (OMT), o México conseguiu se posicionar como o segundo destino turístico mundial em 2021, com quase 32 milhões de visitantes, distante dos 45 milhões que recebeu em 2019”.

Neste setor, os investimentos nacionais e estrangeiros sempre foram muito generosos. Nosso vizinho, Estados Unidos, ocupa a primeira posição entre os investidores mundiais, concentrando o capital em imóveis do norte do país. A Espanha, por sua vez, não fica atrás e ocupa a segunda posição, com projetos hoteleiros em destinos costeiros.       

Quanto ao setor segurador, observa-se certa estabilidade. No entanto, o mercado ressegurador sente falta de capacidade e endurecimento generalizado dos termos e condições.

No mercado de Riscos Globais, observam-se mudanças ou incorporações de corretores nacionais e internacionais, com destaque para o interesse pela sustentabilidade, onde os setores dependentes de matérias-primas enfrentam desafios importantes no curto prazo, não só no México, mas em todo o mundo.

Segundo o Indicador Mensal da Atividade Industrial (IMAI) do México, o setor industrial cresceu 3,3% em 2022. Desmembrando os dados por setor, o maior crescimento foi obtido pela indústria de transformação, seguida, entre outros, pelos suprimentos de eletricidade, água e gás, enquanto a mineração e a construção não ultrapassaram meio ponto percentual.

Oportunidades de investimento

De acordo com o Relatório Econômico e Comercial publicado pela ICEX em novembro de 2022, as oportunidades de investimento estão em obras públicas como ferrovias e aeroportos, ou em setores estratégicos como o automotivo e o aeroespacial, “nos quais o México está se transformando em um centro relevante mundialmente, situação que pode ser impulsionada pela entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio entre a UE e o México (TLCUEM)”.

Nesta menção de oportunidades de negócios salta aos olhos a ausência, no entanto, do setor de energia. As mudanças regulatórias dos últimos anos “não favoreceram que o investimento privado chegasse ao setor”, já que a incerteza prejudicou o enorme potencial que o país tem para energias renováveis, segundo o relatório da ICEX.

O capital estrangeiro desempenha um papel muito importante na economia do México e se destaca principalmente em setores como o automotivo, o eletrônico, o farmacêutico e o químico. No caso da Espanha, o relatório explica que “em 2018 foi registrado o máximo histórico de Investimento Estrangeiro Direto (IED) espanhol com 5,48 bilhões de euros. No período 2000-2021, o investimento bruto espanhol acumulado não relacionado a ETVE* chegou a 47,753 bilhões de euros. O último dado disponível corresponde ao período janeiro-março de 2022 com 7,8 milhões de euros”. Concretamente, visando melhorar as relações empresariais, no início de 2023 a Secretaria de Estado de Comércio espanhola reuniu-se com as patronais mexicanas. A consolidação de acordos entre os dois países é fundamental, já que ambos se beneficiam, conforme aponta o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo espanhol.

  • A Espanha se posiciona como segundo país investidor no México, tanto por volume quanto pelo número de empresas.
  • A Espanha está em quinto lugar como recebedora das exportações, atrás dos EUA, Canadá, China e Alemanha.
  • O México é o principal mercado para produtos espanhóis.
  • O México também investe na Espanha, ocupando a sexta posição como investidor internacional e o segundo fora da União Europeia.

Por fim, a situação atual do México permite, como vimos, que seu mercado seja receptivo tanto a receber investimentos como a ser investidor. Sem dúvida, os acordos comerciais bilaterais e manter a certeza, inclusive com novas legislações, serão fatores determinantes para os números aumentarem. Certamente, as perspectivas para 2023 são otimistas.

[* ETVE: Entidades de Tenencias de Valores en el Extranjero – Entidades Detentoras de Valores Estrangeiros].

 

 

Colaborou neste artigo…

Ismael Campos Rodríguez, diretor técnico de Riscos Globais MAPFRE México.

 

 

 

 

 

 

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