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Como a indústria de seguros pode contribuir para reduzir o risco de desastres

A frequência e gravidade dos desastres naturais aumentaram nos últimos anos por causa de aspectos como a mudança climática ou o crescimento da população em regiões expostas aos perigos. Esses desastres têm um impacto significativo no nível macroeconômico e afetam a estabilidade financeira dos países. Para ajudar a reduzir o risco de desastres e tornar a economia e a sociedade mais resilientes, a indústria de seguros desempenha um papel de destaque.

As seguradoras cumprem um papel relevante na redução do risco de desastres e, por isso, no Dia Internacional para a Redução de Desastres Naturais, reiteramos o artigo publicado por nossa companheira Ángela Puga García, em MAPFRE.com.

O risco de desastres naturais é uma das maiores preocupações atuais. Legisladores, cientistas, empresas e a sociedade em geral buscam de maneira constante como minimizá-lo. Não é à toa que os desastres não param de aumentar: se o roteiro atual for seguido, o mundo sofrerá 1,5 catástrofes importantes por dia até 2030.

A mudança climática e os eventos de origem meteorológica derivados, como enchentes, secas, ondas de calor/frio, furacões, temperaturas extremas, etc., são um dos principais riscos, embora a comunidade científica considere que as maiores consequências serão sentidas em algumas décadas. Também não podemos nos esquecer dos movimentos sociodemográficos: à medida que as pessoas se concentram em espaços onde antes havia muito menos pessoas e bens, e a população cresce em regiões expostas a perigos naturais, o risco aumenta.

Impacto na economia

Esses desastres têm um impacto a nível humanitário significativo, mas também macroeconômico, enfraquecendo a posição financeira dos governos que precisam intervir para fornecer ajuda ou cobrir perdas após uma catástrofe.

O furacão Maria, que atingiu Porto Rico em 2017, é um exemplo disso, com cerca de 3.000 mortos, e que levou o governador da região a pedir ao Congresso dos Estados Unidos 139 bilhões de dólares para trabalhos de recuperação. Outro exemplo de desastre natural é o terremoto acontecido no Haiti em 2010, que matou duzentas mil pessoas e causou perdas econômicas de cerca de 7,8 trilhões de dólares, de acordo com o governo do país.

Os desastres ocasionam maior desigualdade social e aprofundam as vulnerabilidades existentes. A maioria dos países que enfrentam alto risco de desastres também estão entre aqueles com maior parcela de população subsistindo abaixo da linha de pobreza nacional. Especificamente, entre os 20 países mais vulneráveis, 90% são de média e baixa renda, com uma taxa média de pobreza nacional de 34%. Esse valor é menor que 0,5% dos países no extremo oposto da escala de risco.

Nesse contexto, em que é cada vez mais importante pesquisar e analisar esses eventos para minimizar os riscos, novos desafios surgem para a indústria de seguros, que não apenas deverá adotar novas soluções inovadoras e incrementar sua oferta, mas também trabalhar em serviços de prevenção que permitam que a economia e a sociedade se tornem mais resilientes.

Superar o gap da proteção

Em 2021, a brecha global de seguros alcançou 7 trilhões de dólares ou 730 pontos-base (pbs) do PIB global, conforme descrito no relatório GIP-MAPFRE 2022: Índice Global de Potencial Segurador, elaborado pela MAPFRE Economics. Os níveis de seguro nos países ao redor do mundo são muito diversos; a diferença é considerável de acordo com as condições do país em questão, as diferentes condições socioeconômicas e populacionais ou a cultura de seguros existente em cada área.

No entanto, e embora esteja bem comprovado que os efeitos desses eventos podem ser mitigados pelos seguros contra catástrofes, incluindo a atividade das resseguradoras como a MAPFRE RE, a proporção de perdas econômicas seguradas relacionadas aos desastres naturais é baixa.

Segundo dados da União Europeia, nessa região apenas um quarto das perdas relacionadas ao clima está segurada. Como aponta a Autoridade Europeia de Seguros e Pensões Complementares (EIOPA), “a segurabilidade e precificação dos riscos relacionados ao clima são preocupações cada vez mais críticas para seguradoras e legisladores, e se não forem tomadas medidas para combatê-las, espera-se um aumento na brecha de proteção”. Em outras regiões, como a América Latina, onde a penetração do seguro é menor, as perdas seguradas também são inferiores.

Órgãos públicos como o Banco Central Europeu, a própria EIOPA, a Associação Nacional de Autoridades de Seguros dos Estados Unidos (NAIC) ou o Conselho Nacional de Seguros Privados do Brasil (CNSP) estão se concentrando em propor políticas para reduzir a brecha de proteção nos riscos derivados do clima. Áreas como a conscientização sobre o risco, o oferecimento de incentivos baseados no risco vinculados aos prêmios, novas normas de avaliação de riscos ou maior coordenação público-privada são alguns dos pontos de discussão.

“A indústria de seguros tem a capacidade de tornar a economia e a sociedade em geral muito mais resilientes e de reduzir o risco de desastres, fornecendo o apoio necessário em momentos de vulnerabilidade. Sem os seguros, retomar o dia a dia ou a sustentabilidade da economia não seriam possíveis”, disse Juan Satrústegui, diretor de Riscos de Natureza da MAPFRE RE.

Aproveitar as novas capacidades para potencializar a prevenção

Para enfrentar esse cenário, a prevenção é um fator determinante.

Atualmente, o setor segurador tem interesse em modelos de previsão de riscos climáticos que incorporam o efeito da mudança climática. Se até recentemente apenas informações históricas e análises de padrões anteriores estavam disponíveis, agora há soluções que simulam a evolução do clima com análise avançada de modelos de circulação global.

Essas soluções já são capazes de estimar riscos futuros em diferentes cenários de mudança climática e de calcular o potencial impacto econômico sobre bens e negócios, o que possibilita a tomada de decisões no médio e longo prazo. Soma-se a isso a disponibilidade cada vez maior de dados locais em tempo real, como imagens de satélite ou sensores conectados implementados no terreno, que possibilitam ações precisas e específicas para uma área no curto prazo.

Todas essas novas capacidades, trazidas tanto por startups insurtech/climatech quanto por prestadores tradicionais do campo da modelagem de riscos, facilitam para as seguradoras o desenvolvimento de uma oferta de produtos e serviços mais completa e adaptada ao contexto atual. Ela não será orientada apenas à resposta após eventos de desastre, mas também se estenderá à prevenção e antecipação, resiliência, assessoria, acompanhamento a empresas e indivíduos em seu caminho de transição e adaptação à mudança climática, etc.

“De acordo com a frequência e intensidade desses eventos extremos, aumenta a necessidade de abordar esse desafio. É por isso que na MAPFRE investimos há anos no estudo dos riscos de natureza e trabalhamos com startups insurtech para pesquisar soluções de ponta, avaliar riscos e ajudar a mitigá-los. Tudo com o objetivo de cuidar do que é importante para nós e de ter um impacto positivo na sociedade e no ambiente”, disse o responsável pela MAPFRE RE.

Ángela Puga García
Especialista em Comunicação de Inovação da MAPFRE.com

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