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Mobilidade elétrica: garantia da transição energética no México

A indústria automotiva tem o compromisso de contribuir para mitigar o impacto ambiental de sua atividade. Uma das linhas de atuação neste sentido foi a eletrificação de automóveis, que se tornou uma alternativa real ao uso cotidiano da combustão interna.

Como outros setores estratégicos, a indústria automotiva está em plena transição para um modelo de negócios mais sustentável. Para reduzir o impacto ambiental e contribuir com o compromisso global de lutar contra a mudança climática, tanto o mercado quanto as instituições estão potencializando o uso de veículos elétricos e híbridos. O México, referência no comércio internacional, tenta manter seu status somando-se às políticas de transição. “Lembremos que o México é o sétimo fabricante mundial e o quinto exportador. Não queremos apenas manter essa liderança: aspiramos melhorar nossa posição na fabricação e venda de veículos”, assegura José Zozaya Délano, presidente da Associação Mexicana da Indústria Automotiva (AMIA).

Os dados mais recentes publicados pela associação indicam que o roteiro marcado pelo setor está sendo cumprido com sucesso, mas lentamente. Em 2022, foram comercializados 51.065 veículos com tecnologias eletrificadas. No âmbito da indústria, a venda de elétricos e híbridos correspondeu a 4,7% do total, o que representa um crescimento progressivo, mas não um volume relevante no parque automotivo.

 

O desafio de uma estrutura favorável

Embora o México tenha feito uma aposta importante pela eletromobilidade e o crescimento da comercialização de carros e peças seja progressivo, Zozaya reconhece que é importante comprometer-se com a criação de um marco favorável para a indústria em escala regional. “Devemos estar mais acelerados no plano de ter uma política pública sobre eletromobilidade e energias limpas que contemple a criação dos incentivos que há em nível mundial para a fabricação e venda destes carros elétricos”, assegura.

Segundo a AMIA, para alcançar uma mobilidade sustentável, a promoção de veículos elétricos deve se estender ao transporte público, à logística e aos carros particulares. Este desenvolvimento precisa de atuações coordenadas de setores públicos e privados que podem ser impulsionadas com incentivos de fabricação e políticas públicas, que permitam aos usuários acessar este tipo de automóveis.

Algumas grandes cidades do país, como Guadalajara, Cidade do México ou Monterrey, têm uma rede de carga que permite o uso diário de frotas elétricas

A associação está muito envolvida nesta transformação. O governo mexicano está acelerando o processo de atração de fabricantes de veículos elétricos ou híbridos e indústrias relacionadas com o setor. O impacto positivo destas iniciativas no desenvolvimento econômico do México pode ser significativo

“Quem abrigar essas novas tecnologias pode receber um investimento muito importante que ativaria as economias dessa região. Além disso, ao diminuir a poluição, também reduziriam as despesas assumidas para os estados e os cidadãos”, assegura o presidente da AMIA.

 

Sinergias e potencial de crescimento

Como explica José Zozaya, o setor automotivo está imerso na mudança de tecnologia para reduzir sua pegada de carbono e, neste esforço, conflui com outros setores com os quais surgiram importantes sinergias. “Do setor energético e industrial, envolvidos na fabricação, até a logística, que é a que move todas as equipes em todo o país, a colaboração é muito importante. Como associação, temos uma relação muito próxima com a Câmara da Indústria e com Fabricantes Elétricos”, assegura, acrescentando que estes setores, junto com o governo, estão realizando importantes iniciativas como as que se relacionam à localização de reservas de lítio, material imprescindível para a fabricação das baterias dos veículos elétricos.

“Somos muito otimistas em relação ao futuro. Na AMIA, acreditamos que este ano será ainda melhor do que o ano passado”

Estes planos devem ser acompanhados de uma infraestrutura de carga e suporte de acordo com o potencial de trânsito, um fator fundamental segundo diversos estudos que comprovaram que o desenvolvimento de estações nas zonas habitualmente transitadas pelo cidadão faz com que se fomente o uso deste tipo de veículo. “Precisamos avançar neste aspecto, porque o usuário ainda não tem certeza da disponibilidade de terminais. Hoje há cerca de 1.300 estações, mas isso ainda não é suficiente”, assegura Zozaya. Algumas grandes cidades do país, como Guadalajara, Cidade do México ou Monterrey, têm uma rede de carga que permite o uso diário de frotas elétricas, mas o especialista insiste em que também é necessário ter a certeza de que seja possível chegar de uma cidade a outra. “Falamos de extensões de 900 quilômetros, e maiores ainda, um terreno complexo que é preciso cobrir. Atualmente, elaboramos estudos que determinam quantas e em que localização são necessárias”, afirma.

Outra das frentes em que se trabalha para cumprir com sucesso o potencial da eletromobilidade no México é a da formação do potencial usuário. “É preciso tentar fazer entender que todos nos beneficiaremos dessa mudança tecnológica, direta ou indiretamente”, aponta. Apesar do grande desafio, as perspectivas do especialista são positivas. “Somos muito otimistas em relação ao futuro. Na AMIA, acreditamos que este ano será ainda melhor do que o ano passado e os números dos primeiros meses de 2023 demonstram isso. Independentemente de uma situação fora do nosso controle, que possa afetar os mercados nacionais e internacionais, estamos focados em melhorar a coordenação com as autoridades para incentivar o investimento no setor. Acho que isso é muito importante”, conclui.

 

Colaborou neste artigo…

José Zozaya Délano, atual presidente da Associação Mexicana da Indústria Automotiva (AMIA), possui mais de 40 anos de experiência no relacionamento com empresas da iniciativa privada e pública. Dentro de sua ampla trajetória destaca-se sua colaboração com a indústria ferroviária.

 

 

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