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Inovação e sustentabilidade no armazenamento de dados

Em uma economia digital, globalizada e baseada em informações, os Data Centers são a base de crescimento para todos os setores estratégicos. Apesar da complexidade de suas infraestruturas, o compromisso do setor com a sustentabilidade é firme.

A relevância destas imponentes construções no desenvolvimento econômico global está alinhada com suas exigências: equipamentos hiperativos, com alta demanda de energia e grande exposição a riscos. Ignacio Velilla, presidente da Associação Espanhola de Data Centers (SPAINDC) fala sobre os desafios enfrentados pelo setor na questão de inovação e sustentabilidade, que se baseiam, de certa maneira, em um cuidado diário: a manutenção preventiva. “O Data Center é algo vivo, é mais do que um negócio de tecnologia. É muito importante investir continuamente na melhoria da eficiência e na disponibilidade dos sistemas. Que haja muito controle da vida útil de todos os equipamentos: servidores, redes de comunicação, matrizes de armazenamento, sistemas de refrigeração etc.”, garante o especialista.

Tanto na Espanha quanto no exterior, a principal categoria de Data Center utilizada é o Tier III, projeto de referência para os grandes fornecedores e fabricantes, já que garantem o serviço sem necessidade de interrupções no fornecimento para realizar trabalhos de manutenção, melhorias ou substituição de equipamentos. “Foi projetado com muitos sistemas de redundância para garantir a continuidade”, explica Velilla.

“O que se procura com a inovação é desenvolver sistemas de refrigeração que consigam um PUE ainda melhor, como a refrigeração à água ou à imersão”

Eficiência e sustentabilidade

Nos setores tecnológicos, o desenvolvimento de Data Center é um dos que compartilha mais objetivos com as agendas de sustentabilidade. “O mais importante em nossa indústria é a eficiência, por isso sempre dizemos que nascemos sustentáveis. O que buscamos é consolidar cargas e tornar o Data Center o mais eficiente possível”, indica a SPAINDC. Como em outros setores, o valor usado para medir essa eficiência nas instalações de dados é o PUE (Power Usage Effectiveness), uma variável definida pela The Green Grid. Dada a maturidade do setor nesta questão, utiliza-se P&D para buscar melhorias em certos processos de manutenção que consomem mais energia, como os de diminuir a temperatura dos equipamentos. “Hoje em dia, os Data Centers são projetados com um grande nível de eficiência e o que se procura com a inovação é desenvolver sistemas de refrigeração que consigam um PUE ainda melhor, como a refrigeração à água ou à imersão. Os resultados são muito bons”, afirma o presidente da associação. O perfil de Data Center submarino é especialmente voltado para cargas muito estáticas, ou seja, clientes que não exigem uma constante troca de equipamentos ou intervenção de cartões. “Muitos dos grandes Clouds já estão usando esses tipos de sistemas, porque quando implementam as nuvens, não precisam mudar os sistemas regularmente”, afirmam.

“A energia é, no final, o que marca o sucesso de um projeto de armazenamento de dados”

Desafios e soluções

Segundo a SPAINDC, um dos principais desafios da indústria de Data Center é obter energia elétrica. Essas infraestruturas devem estar situadas perto de grandes núcleos urbanos que já fazem uso intensivo das fontes locais. “Isso não significa que precisa estar no centro da cidade, mas precisa de certa proximidade. O que isso significa? Que haja energia limpa, porque na Espanha utilizamos fontes 100% renováveis. Atualmente estamos em um ciclo em que a rede elétrica, juntamente com as distribuidoras locais, está fortalecendo toda a rede que alimenta os Data Centers. A energia é, no final, o que marca o sucesso de um projeto de armazenamento de dados”, diz o especialista. Com o objetivo de garantir um fornecimento de energia elétrica constante e ecológico, na Espanha está sendo realizado um trabalho com os setores renováveis —eólicos ou solares— com os quais é possível criar conexões diretas com as plantas de produção, ou o uso de vetores que ainda não foram explorados, como o hidrogênio.

O compromisso ambiental, que se materializou com a assinatura do Pacto de Paris —o pacto europeu pela neutralidade climática—, levou o setor a fazer mudanças significativas em um período bem curto. “Os Data Centers não têm uma grande pegada no ambiente em que estão localizados. Aqui na Espanha, quase todos usam circuitos fechados de água, otimiza o consumo. Não são estruturas que degradam o meio ambiente, pelo contrário: é a base sobre a qual se sustenta toda a economia digital e que atua como uma alavanca de mudanças para a economia da região”.

Momento propício para o Data Center

Esse impulso ao desenvolvimento econômico começa a ser percebido na Espanha, que poderia se tornar um hub estratégico da gestão de dados. “Recentemente, participamos do Data Center Dynamics e apresentamos um relatório do setor que ratificou que estamos em um momento muito propício para o país. A potência instalada cresceu cerca de 40% no ano passado, mas as perspectivas para os próximos anos são de contínuo crescimento. Ou seja, um potencial sem precedentes em nenhum outro país, e isso acontece graças ao nosso posicionamento geográfico”, afirma Ignacio Velilla, que explica como o formato peninsular da região faz com que o país se encontre em um ponto privilegiado de acesso a alguns dos principais cabos submarinos do mundo, artérias da telecomunicações e conexão mundial. “Na associação, avaliamos o investimento nos próximos quatro anos em cerca de 14 bilhões de euros, com um impacto de sete vezes mais do que o da economia da região. Por isso não podemos deixar de estar muito otimistas quanto à evolução do setor”, conclui.

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Ignacio Velilla é presidente da Associação Espanhola de Data Centers (SPAINDC), conecta os data centers líderes do mercado e os fornecedores de alta qualidade na Espanha com uma missão: fortalecer o crescimento econômico e perfilar o setor de data center junto ao governo, à mídia e à sociedade.

 

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