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Quais são os desafios do transporte marítimo de mercadorias perigosas?

Cristina Leon Vera | 10/10/2023

O transporte de mercadorias perigosas enfrenta, diariamente, desafios como acidentes, impacto ambiental ou adequação a regulamentações internacionais. Logística e seus grandes desafios é o tema abordado a seguir pela Universidade Marítima do Panamá.

O transporte marítimo de mercadorias perigosas envolve a transferência de substâncias ou materiais que apresentam riscos significativos à segurança, saúde e ao meio ambiente devido às suas características intrínsecas. Essas substâncias podem variar de produtos químicos inflamáveis e tóxicos até explosivos ou materiais radioativos. Para garantir a segurança desse tipo de transporte, existem regulamentos internacionais concebidos a fim de minimizar os riscos associados e proteger as pessoas e o ecossistema marinho.

Em regiões como a América Latina, há desafios adicionais devido à diversidade de condições geográficas, climáticas e econômicas. Além disso, as extensas costas e rotas marítimas, juntamente com a presença de portos importantes, fazem dessa região um ponto de trânsito central para o comércio internacional. No entanto, seus países enfrentam desafios específicos em relação à infraestrutura portuária, treinamento de pessoal e conformidade com os regulamentos internacionais.

O diretor de relações públicas da Universidade Marítima Internacional do Panamá (UMIP), Omar Wong, explica que, à medida que a região cresce, a produção e o transporte de produtos químicos e substâncias perigosas aumentam. Isso acentua a necessidade de melhoria contínua em gestão de riscos e segurança.

“Em termos de desafios, o transporte de mercadorias perigosas, a segurança das pessoas do mar, o meio ambiente e o navio são aspectos cruciais que devem considerados com extrema seriedade. A possibilidade de acidentes ou derramamentos com consequências devastadoras torna imprescindível implementar os rigorosos protocolos e regulamentos previstos pela indústria para prevenir e gerenciar essas emergências em nossos esquemas acadêmicos”, afirma o especialista.

Desafios e oportunidade de desenvolvimento

O especialista da UMIP indica como a indústria marítima regional e as empresas ligadas ao setor estão implementando uma série de medidas para enfrentar os desafios e aperfeiçoar a resposta a possíveis incidentes relacionados com mercadorias perigosas. Tudo isso deve estar em total alinhamento com os regulamentos estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (OMI).

“Consideramos que entre as prioridades destaca-se a enérgica preocupação com a formação e capacitação do pessoal no manejo seguro de mercadorias, em concordância com as diretrizes de formação da OMI. Tais diretrizes especificam os requisitos para capacitar o pessoal em competências essenciais como transporte, manuseio e armazenamento dessas mercadorias”, assinala.

Destaca, também, a importância da incorporação de tecnologias avançadas e equipamentos especializados, pois implica a adoção de sistemas de monitoramento em tempo real, sensores de detecção de substâncias perigosas e equipamentos para o controle de derramamentos (como o uso de drones). Também enfatiza a necessidade de as empresas desenvolverem planos de resposta a incidentes, em colaboração com autoridades portuárias e serviços de emergência, garantindo uma resposta eficiente em situações críticas.

“A indústria marítima na América Latina encontra na colaboração um elemento essencial, especialmente de organizações internacionais, universidades, autoridades portuárias e outros agentes relevantes, já que, por meio dessa interação, são compartilhadas as melhores práticas e experiências relacionadas, promovendo a segurança em todas as suas vertentes”, afirma.

Os avanços da América Latina

Wong explica como o Panamá desempenhou um papel crucial na colaboração com outros países da região para enfrentar desafios e melhorar a segurança no transporte marítimo de mercadorias. Com sua posição estratégica como um dos principais centros logísticos e marítimos da América Latina, liderou esforços de cooperação que contribuíram significativamente para a segurança e eficiência do transporte marítimo na região.

“A infraestrutura portuária do país, especialmente com o Canal do Panamá, desempenha um papel fundamental na conexão e fluxo de mercadorias em toda a região. Essas instalações são usadas como pontos de trânsito e distribuição de mercadorias, incluindo as perigosas. Sua gestão eficiente contribui para a segurança e fluidez do transporte marítimo”, segundo o especialista.

Nesse contexto, a UMIP também figura como agente essencial, sobretudo na pesquisa e desenvolvimento em áreas críticas de segurança marítima, como a gestão de substâncias perigosas e tecnologias de prevenção de acidentes. O objetivo é melhorar as práticas existentes e compartilhar esse conhecimento com outras universidades. Além disso, adotou diversas iniciativas e avanços tecnológicos, destacando a aquisição de simuladores novos e modernos, que permitem recriar de maneira realista e virtual os cenários relacionados com a navegação.

“Isso inclui situações de emergência de mercadorias perigosas, como derramamentos químicos ou incidentes de incêndio. Estudantes e profissionais podem praticar protocolos de resposta, tomar decisões e coordenar para lidar com a situação de forma eficaz. Além disso, podem recriar operações de carga, descarga e manuseio de mercadorias perigosas ajudando os operadores a se familiarizarem com as práticas de manejo seguro e eficiente, bem como identificando possíveis riscos e problemas”, conclui o especialista.

Omar Wong WoodColaborou neste artigo:

Omar Wong Wood é o atual Diretor de Comunicação e Relações Públicas da Universidade Marítima Internacional do Panamá.

Profissional do Jornalismo e Comunicação Social, tem uma longa trajetória analisando e sintetizando de forma objetiva a realidade política, econômica, social e cultural para estabelecer estratégias em âmbitos tão relevantes como o transporte marítimo de mercadorias perigosas.

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