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Julián Rojo: “Meu propósito é acompanhar grandes corporações europeias com exposições na América Latina”

Gonzalo Sanz Segovia | 25/09/2025

Damos as boas-vindas a Julián Rojo, especialista em Desenvolvimento de Negócios na Europa para a MAPFRE Global Risks. Ao longo de toda a entrevista, ele nos contará como enfrenta este novo desafio pessoal e profissional e como percebe o mercado atual, analisando seus fatores e tendências. 

Voltar à MAPFRE Global Risks: o que o levou a aceitar esse novo desafio?

Antes de mais nada, gostaria de agradecer a todas as equipes da MAPFRE Global Risks pela calorosa recepção que me deram. Voltar à MAPFRE, meu lugar de referência no âmbito profissional, após uma longa e enriquecedora etapa internacional, foi uma decisão ponderada e cheia de entusiasmo.

Durante esses anos em Paris, acompanhei de perto a evolução da empresa, em um mercado em profunda transformação desde a pandemia. Sem dúvida, soube trazer estabilidade, permanência e liderança ao seguro corporativo, consolidando-se como referência na Península Ibérica e na América Latina.

Na minha visão, o sucesso sustentado se apoia em dois fatores fundamentais. Por um lado, uma subscrição rigorosa, com mais de quarenta anos de experiência, fortemente especializada por linhas de negócio: Danos, Responsabilidade Civil, Linhas Especiais (Aviação, Construção, Energia, Marítimo, Mineração) e Programas Globais de Benefícios para Empregados. Por outro lado, destacaria também um serviço ao cliente excepcional – em operações, sinistros e engenharia – com equipes dedicadas e atenção ao detalhe, algo essencial em programas com cativa.

Portanto, ver como uma companhia, com uma cultura empresarial sólida, mantém a excelência e continua se superando, especialmente na América Latina, é inspirador.

Minha atuação como Especialista em Desenvolvimento de Negócios se concentrará inicialmente na Europa, combinando a otimização de nossa atual base de clientes com a identificação e desenvolvimento de novas oportunidades estratégicas, em conjunto com nossos corretores.

O objetivo: acompanhar grandes corporações com exposições relevantes nos mercados onde a MAPFRE está presente, e especialmente na América Latina, para que confiem em nós a emissão de suas apólices.

Em resumo, é o momento, o ambiente e o projeto certos. Contribuir novamente para o futuro da MAPFRE, com uma visão renovada e experiência consolidada, é um desafio que me entusiasma enormemente.

 

“Quando corretor, seguradora e gerente de riscos conseguem alinhar
conhecimento, propósito e compromisso, tornam-se uma equipe coesa e resiliente”

 

Julián Rojo_MAPFREGlobalRisksQue papel a MAPFRE Global Risks pode desempenhar na Europa como parceira estratégica para grandes corporações com operações na América Latina?

O primeiro ponto evidente é que a Espanha é uma ponte natural entre a Europa e a América Latina, não apenas pelo idioma e pelos laços históricos, mas também pela afinidade cultural e empresarial, que reduz barreiras e facilita a gestão em ambientes complexos. Para as grandes corporações europeias com presença na região, isso se traduz em uma vantagem competitiva real.

Os dados confirmam essa percepção: em 2024, a Espanha foi o primeiro investidor europeu na América Latina, com 6% do investimento estrangeiro direto total e 40% do proveniente da UE, segundo a CEPAL (“O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e no Caribe”). E o faz com uma profundidade setorial e uma escala que poucos podem igualar.

No setor segurador, da mesma forma, a MAPFRE oferece um valor diferencial único aos clientes: presença consolidada na maioria dos mercados latino-americanos, escala, capilaridade setorial e conhecimento profundo de cada jurisdição. Compreendemos regulações, práticas de mercado e particularidades operacionais que fazem diferença na gestão de grandes riscos.

A isso se soma uma estrutura internacional sólida e equipes especializadas em setores-chave como energia, infraestrutura, mineração, transporte ou benefícios para empregados. Isso nos permite coordenar programas globais uniformes e tecnicamente coerentes, mas adaptados a cada país.

E, naturalmente, nosso serviço: operações, sinistros e engenharia com agilidade, rigor técnico e acesso direto a decisores-chave, mesmo nas situações mais exigentes.

Em resumo, a MAPFRE Global Risks é uma parceira seguradora diferente, capaz de combinar visão global e execução local, oferecendo a confiança e estabilidade necessárias para prosperar em um ambiente latino-americano dinâmico.

 

“As cativas mudarão a arquitetura do mercado, deslocando o foco
da simples transferência de risco para modelos híbridos de retenção”

Quais tendências mais transformarão o negócio segurador nos próximos cinco anos, sobretudo em riscos globais?

Eu diria que a mais significativa será o crescimento das seguradoras cativas. Na Europa, sua adoção acelera-se por diversos fatores: mudanças no mercado tradicional (tarifas, capacidade, retenções), riscos emergentes (ciber, mudança climática, responsabilidade ambiental) e reformas regulatórias que facilitam sua criação ou transferência, como na França.

Esse fenômeno se expandirá geograficamente. Espanha e Itália avançam em direção a marcos mais favoráveis, e mercados como Luxemburgo, Irlanda ou Suíça continuarão sendo referências. As cativas ampliarão seu alcance, não apenas para riscos frequentes e de baixa severidade, mas também para linhas não tradicionais, soluções paramétricas e coberturas sob medida para riscos não seguráveis no mercado convencional.

Isso permitirá que as empresas retenham mais risco, otimizem custos e obtenham melhores condições no mercado aberto. Para a seguradora, é um desafio – porque parte do prêmio ficará na cativa – e uma oportunidade para se posicionar como parceira estratégica, oferecendo fronting, estruturação de programas e assessoria especializada.

Em suma, acredito que as cativas mudarão a arquitetura do mercado, deslocando o foco da simples transferência de risco para modelos híbridos de retenção, financiamento alternativo e colaboração próxima seguradora–cliente.

“Em um mercado tão digital e competitivo, a chave é construir alianças estratégicas
entreseguradora, corretor e cliente, baseadas em confiança, transparência e agilidade”

Você é um firme defensor das relações de longo prazo e da transparência. Como imagina a relação ideal entre seguradora, corretor e cliente em um ambiente cada vez mais digital e exigente?

Em um mercado tão digital e competitivo, a chave é construir alianças estratégicas entre seguradora, corretor e cliente, baseadas em confiança, transparência e agilidade.

Os grandes riscos precisam, estruturalmente, de seguradoras previsíveis e estáveis, capazes de manter relações sólidas de longo prazo, além dos ciclos econômicos. A tecnologia é uma aliada essencial: agiliza processos, oferece acesso imediato a informações críticas e permite decisões mais precisas. Mas não deve substituir a conexão humana, e sim reforçá-la.

Observo que, quanto mais dados temos, mais importa a qualidade das perguntas que fazemos. As máquinas assumirão cada vez mais tarefas repetitivas, de maneira extremamente eficaz, mas a comunicação, a colaboração, a criatividade e a empatia continuarão sendo exclusividade das pessoas.

No âmbito dos negócios, quando corretor, seguradora e gerente de riscos conseguem alinhar conhecimento, propósito e compromisso, a relação deixa de ser meramente transacional e se torna uma equipe de trabalho coesa e resiliente, em benefício de todos.

A MAPFRE exemplifica essa cultura de forma notável.

 

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