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BOSCO ABC DELOITTE

O seguro diante da incerteza: geopolítica e econômica global

Cristina Leon Vera | 11/11/2025

Mais uma vez, a Deloitte reuniu, no Encontro do Setor de Seguros, líderes e especialistas de destaque da indústria para debater os temas mais atuais e relevantes que afetam as companhias e compartilhar diferentes perspectivas sobre os desafios e oportunidades que enfrentam.

Bosco Francoy, CEO da MAPFRE Global Risks, participou de uma mesa redonda moderada por Sergio Simón, sócio da Deloitte, junto com Veit Stutz, CEO da Allianz España. O debate, centrado no impacto da situação geopolítica e econômica global sobre o setor segurador, aconteceu após a apresentação de Ana Aguilar, economista chefe da Deloitte, Ana Aguilar, economista chefe da Deloitte, que situou os participantes no novo contexto global: uma transição da macroeconomia para a geoeconomia, em que fatores geopolíticos, tecnológicos e energéticos estão redefinindo a atividade empresarial e financeira.

 

Um contexto de incerteza e oportunidades

“Entramos em uma década em que a única certeza é a incerteza”, afirmou Stutz no início da conversa, após a análise de Ana Aguilar sobre uma economia mundial que, apesar do risco de inflação e endividamento, mantém certa resiliência impulsionada pela inovação e pelas alianças internacionais.

Esse ambiente de fragmentação e constante transformação tem impacto direto sobre o setor segurador. “Estamos vendo mudanças na geopolítica, na demografia, no fornecimento de energia, no envelhecimento populacional… e tudo acontece ao mesmo tempo. Evidentemente, como indústria de seguros, precisamos encontrar respostas para essas mudanças, antecipar-nos a elas e agir em conformidade”, destacou o CEO da Allianz España.

Durante sua exposição, ele abordou os vaivéns demográficos no mundo, ilustrados por casos como o envelhecimento da população na China ou o crescimento populacional na Índia, a fragmentação na Europa e os riscos políticos. Diante deste cenário, destacou a função essencial do seguro: “A indústria desempenha uma função fundamental de união e coesão. Não se trata apenas de pagar sinistros, mas de oferecer confiança às sociedades para que possam investir e avançar”, afirmou.

 

Proximidade e confiança para continuar sendo essenciais

Ao longo do encontro, houve consenso entre os participantes: a persistência do setor diante das circunstâncias em constante mudança. “A indústria de seguros demonstrou notável resiliência e capacidade de adaptação”, destacou Bosco Francoy. “Sempre esteve presente, a serviço das pessoas, oferecendo não apenas indenizações, mas também inovação e capacidade de antecipação”, acrescentou.

Francoy ressaltou que, em um contexto geopolítico complexo, agravado por guerras, tensões comerciais e desastres naturais, o seguro continua sendo uma ferramenta essencial para a recuperação econômica.

Quando Sergio Simón perguntou quais eram as chaves do sucesso da longa trajetória da MAPFRE Global Risks nesse sentido, o CEO da companhia destacou três pilares estratégicos de sua filosofia:

  • A experiência adquirida em cada país. “O importante não é o tamanho do mercado, e sim aprender como ele funciona – a regulação, a cultura, a política etc. – para atuar de forma mais eficaz e oferecer as melhores soluções aos clientes. A MAPFRE faz isso há mais de 40 anos na América Latina, o que gerou confiança e credibilidade junto aos clientes. Eles veem a MAPFRE como um parceiro de longo prazo.”
  • A inovação constante. “A MAPFRE – e o nosso setor em geral – está sempre buscando formas de oferecer o melhor serviço aos clientes. Isso implica adotar novas tecnologias e adaptar-se às mudanças.”
  • Sustentabilidade integral. “Não adotamos a sustentabilidade apenas por exigência regulatória ou para parecer ‘verde’ diante dos clientes. Desde o início entendemos que ela é essencial para oferecer soluções que melhorem a sociedade.”

 

Avanço tecnológico e liderança humana

Após analisar os desafios geopolíticos e econômicos, os participantes abordaram o futuro do setor, marcado por uma mudança de paradigma e pela transformação tecnológica. Nesse processo, concordaram sobre a importância de olhar para o passado. “Sempre se constrói sobre um legado, e ele não é negativo, mas positivo”, afirmou Stutz.

Segundo ele, a Allianz tem usado essa base para desenvolver soluções mais inclusivas e sustentáveis, apostando em uma digitalização equilibrada: “Aplicamos inteligência artificial onde faz sentido, mas continuamos investindo em pessoas. Nosso setor ainda é um setor de pessoas”, enfatizou.

Bosco Francoy, alinhado a essa visão, destacou o compromisso da MAPFRE com o uso ético e responsável da inteligência artificial: “Publicamos um Manifesto sobre Inteligência Artificial no qual afirmamos claramente que as pessoas vêm antes da tecnologia – e não o contrário. Esse princípio é fundamental para que a inovação beneficie de fato a indústria e a sociedade”, afirmou.

Ele também ressaltou a importância de colocar o cliente no centro das operações e de adaptar progressivamente os produtos e serviços às necessidades específicas de cada entidade. “A melhor forma de olhar para o futuro é oferecer produtos ajustados às necessidades reais do cliente, não soluções amplas que fiquem aquém”, explicou, acrescentando que essa filosofia também pode facilitar a prevenção de riscos. “Não se trata apenas de pagar sinistros, mas de antecipá-los, de evitar lacunas na cobertura que possam gerar custos ou perda de competitividade.”

Nesse cenário global em constante transformação, a MAPFRE Global Risks concluiu que o futuro do seguro dependerá de sua capacidade de combinar compromisso, tecnologia e talento humano, garantindo que a indústria continue a serviço das pessoas.

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