Cristina Leon Vera | 23/10/2025
O conhecimento sobre o estado dos ativos se transforma em menor número de sinistros e em redução de custos para nossos clientes.
No setor industrial em que a MAPFRE Global Risks oferece soluções de seguros a seus clientes, os equipamentos e maquinários críticos representam o núcleo operacional de muitas instalações produtivas. Seu correto funcionamento é essencial para garantir a continuidade dos processos, a qualidade do produto e a segurança.
Sob o ponto de vista do seguro, embora esses ativos geralmente tenham um valor muito elevado (por sua complexidade tecnológica, especialização e/ou dificuldade de substituição, entre outros fatores), a sinistralidade industrial associada à avaria de maquinário crítico não se limita apenas ao custo de reparo ou substituição do equipamento. Esse tipo de evento acarreta um impacto econômico decorrente da perda de lucros provocada pela paralisação não programada desses ativos, que costumam ser o “gargalo” da produção e, em alguns casos, obrigam a interrupção de toda a unidade industrial. Consequentemente, o valor da indenização associada pode chegar a ser até superior ao valor do próprio ativo.
Essas interrupções de produção também poderiam ocasionar um grave impacto reputacional, penalizações contratuais, custos operacionais adicionais e outros inconvenientes para o segurado, que poderiam chegar a afetar toda a cadeia de valor da planta ou da empresa.
Por estes motivos, a gestão do risco associada a estes ativos se tornou uma prioridade estratégica para as organizações industriais, bem como um foco de análise para as empresas seguradoras.
Consequentemente, a manutenção dos bens industriais críticos assume especial importância para garantir a sua correta operação e maximizar a sua disponibilidade ao longo do tempo.
Existem diferentes tipos de enfoque para realizar os trabalhos de manutenção:
- A manutenção corretiva consiste principalmente na reparação de ativos após uma falha. Trata-se do tipo de manutenção mais básica, embora sua natureza reativa implique tempos de parada e custos imprevistos.
- A manutenção preventiva surgiu para reduzir estas falhas inesperadas e baseia-se em intervenções, como revisões ou substituições de elementos de desgaste, que são programadas com base no tempo de uso ou momento da vida útil do equipamento. Como resultado, melhora-se a taxa de falhas dos ativos, mas, em contrapartida, podem ocorrer intervenções desnecessárias e/ou substituições prematuras de componentes, o que pode gerar custos operacionais extras. Além disso, essas intervenções sempre envolvem algum risco.
- Por último, a manutenção preditiva, mais avançada tecnologicamente, tem como objetivo realizar as intervenções necessárias exatamente no momento oportuno, conforme o estado do equipamento, reduzindo o número de paradas ao mínimo indispensável e, assim, otimizando custos.
O que é CBM?
A Manutenção Baseada em Condição, também conhecida pela sigla em inglês como CBM: Condition Based Maintenance, é uma filosofia de manutenção preditiva que se concentra no monitoramento contínuo (online) ou periódico (offline) dos principais parâmetros e indicadores das equipes. Seu objetivo é planejar ou realizar intervenções apenas quando os indicadores do estado do ativo mostrarem sinais de deterioração avançada ou risco de falha. Dessa forma, evitam-se tanto as paradas imprevistas de produção (associadas à manutenção corretiva), quanto as intervenções desnecessárias (típicas de uma manutenção exclusivamente preventiva).
Para uma adequada implantação desta filosofia de manutenção, são especialmente importantes tanto a análise prévia como a interpretação dos valores obtidos e de suas tendências, estabelecendo parâmetros de medida ou valores de pré-alerta e valores limite que permitam desenvolver uma estratégia de acompanhamento e atuação. Assim, pode ser necessária a redução da periodicidade das análises ou monitoramentos, o planejamento de uma intervenção no equipamento ou até uma parada imediata do ativo para evitar a ocorrência de um sinistro de grande magnitude.
Aplicações e benefícios
A aplicação do CBM é geralmente direcionada a maquinários de alto valor ou de grande impacto estratégico, embora, devido às suas vantagens, esteja cada vez mais difundida também em ativos de menor relevância.
- Atualmente, é comum ver sensores triaxiais de monitoramento online de vibrações em vários pontos das turbinas de geração de energia (ou de outros equipamentos rotativos), que identificam possíveis falhas de lubrificação, desgaste de rolamentos, desalinhamento de eixos e outros sintomas que indicam que uma falha catastrófica está a caminho.
- Nas redutoras de motores críticos (como as responsáveis pela rotação de fornos horizontais em indústrias cimenteiras), realizam-se análises de óleo para avaliar o possível desgaste ou degradação dos engrenamentos e partes internas.
- Da mesma forma, o óleo usado em transformadores é analisado para verificar suas propriedades físico-químicas ou possíveis contaminações externas que comprometam sua função, assim como a presença de determinados gases que possam indicar falhas durante o funcionamento.
- Os sistemas de refrigeração de grandes fornos, responsáveis por manter a temperatura adequada no material refratário, contam com sensores de vazão e temperatura para alertar em tempo real sobre possíveis falhas que poderiam causar vazamentos de material fundido.
Considerando seus benefícios, hoje se recomenda o uso de técnicas preditivas em praticamente todos os setores industriais, sendo a mais comum a termografia em equipamentos elétricos, capaz de prevenir o surgimento de pontos quentes, uma das causas mais frequentes de incêndios em ambientes industriais.
Em suma, a Manutenção Baseada em Condição proporciona um maior conhecimento sobre o estado dos ativos e uma melhora em sua disponibilidade operacional, o que se traduz em otimização de custos a longo prazo para o proprietário. Além de seus efeitos sobre a produção e os custos, a alta correlação entre esse tipo de manutenção e a redução do risco de avarias em maquinários faz dela uma filosofia muito bem avaliada pelas companhias seguradoras.
Autoría do artigo

Arturo Montero é Engenheiro de Riscos na MAPFRE Global Risks.



