Home > Revista Gerência de Riscos e Seguros > Estudos > O desembarque da inteligência artificial na logística
IA en sector maritimo

O desembarque da inteligência artificial na logística

Cristina Leon Vera | 30/04/2024

A Inteligência Artificial está transformando o comércio marítimo, favorecendo a otimização de rotas logísticas e recursos ambientais. Para atingir todo o seu potencial, é necessário integrar sua tecnologia com outras e treinar adequadamente os profissionais do setor.

Na era digital, a Inteligência Artificial (IA) surgiu como um poderoso aliado do setor logístico, revolucionando a forma como os principais fornecedores comerciais operam. Conhecer os desafios da implementação é fundamental para o seu sucesso. Nós abordamos tais desafios, junto com Genís Majoral, Engenheiro Civil especializado em transporte e planejamento urbano pela Universidade Politécnica da Catalunha (UPC).

“Esta integração tecnológica na indústria naval já está sendo utilizada em diferentes âmbitos”, afirma o especialista. Entre as utilizações que destaca estão as destinadas a otimizar rotas marítimas e prever o volume de cargas graças ao cálculo antecipado da oferta e demanda mundiais, o que permite minimizar os custos operacionais e agilizar os tempos de entrega.

Além desses objetivos específicos, a IA tem entre suas perspectivas plausíveis a navegação autônoma e a prevenção de riscos, ainda que atualmente sejam realizadas somente de maneira parcial e em combinação com outras tecnologias necessárias que facilitam um impacto real no setor, como a cobertura 5G, a internet das coisas (IoT) ou o Blockchain.

Impacto positivo da sua implementação

Para o comércio global, eficiência e sustentabilidade são elementos essenciais, e a tecnologia avançada é uma ferramenta fundamental para enfrentar esses desafios na logística marítima. Majoral destaca algumas das principais vantagens da aplicação da IA no setor:

  • Redução do impacto ambiental. A IA permite otimizar o consumo de combustível e planejar o consumo de fretes e espaço em armazéns, reduzindo consideravelmente a pegada ambiental das travessias. A previsão de riscos e a prevenção de acidentes também conseguem evitar poluição por derramamentos.
  • Exploração da IA em portos estratégicos. Exemplos incluem Roterdã, Los Angeles, Qingdao e Cingapura, embora todos ainda estejam em fase inicial. Em Cingapura, também estão incorporando o processamento de linguagem natural para agilizar processos alfandegários e reduzir custos.
  • Eficiência econômica e otimização de rotas marítimas. A tecnologia dá a operadores de logística e transportadoras a oportunidade de ajustar suas operações com base no volume de carga e no número previsto de embarcações.
  • Promover um modelo logístico colaborativo. Fazer com que as informações fluam entre empresas e clientes, além de outros agentes essenciais do comércio mundial, poderia favorecer a sinergia entre operadores internacionais.

Desafios tecnológicos para seu desenvolvimento

Embora algumas funções da IA já estejam estabelecidas na logística marítima, alcançar o máximo de seu potencial está longe de ser uma realidade, e um dos principais desafios para isso é identificar quais linhas de implementação podem ser incorporadas sem risco de interromper a cadeia de suprimentos ou torná-la mais vulnerável a ataques.

“É preciso um grande investimento em hardware e sistemas de segurança para apoiar o bom funcionamento da transição de um sistema físico, intensivo em fator de trabalho, para um sistema tecnológico virtualizado”, adverte o especialista.

Também é um desafio considerável a aplicabilidade da IA junto com outra série de tecnologias, para dar lugar a um sistema que preveja acidentes e detecte anomalias técnicas do navio, para o qual é necessário implantar sistemas de sensorização ou visualização.

“O desenvolvimento da visão por computador, a confiabilidade dos sensores, a capacidade de rede para transmitir toda a informação captada e a capacidade de cálculo próximo de onde ocorre a ação (edge computing) são aspectos que devem ser desenvolvidos junto com a IA”, explica o pesquisador.

Essa integração tecnológica na indústria naval pode ser empregada de forma passiva, para alertar sobre uma colisão iminente, ou de maneira proativa, iniciando mecanismos para evitá-la. Neste último contexto, a IA e o Machine Learning podem reduzir significativamente a probabilidade de ocorrência de um acidente.

Um avanço sobre seguro

“Ao contrário de tempos anteriores, o momento atual parece conter as tecnologias que permitiriam uma revolução industrial. Embora os algoritmos e casos piloto estejam sendo desenvolvidos há anos, o futuro inexorável é a automação de qualquer operação”, adverte Majoral.

Para que esta transformação seja viável, deve ser cumprida uma “condição necessária”: uma mudança de paradigma que não altere a produtividade e logística da indústria. O volume de carga, os agentes envolvidos e o impacto no desenvolvimento e bem-estar global fazem com que se trate de um ambiente complexo e resistente à mudanças drásticas, embora em pequenos âmbitos possa ser adaptado com certa segurança.

Neste contexto, o especialista prevê que um setor totalmente automatizado é inimaginável no momento, mas que será possível nos aproximarmos desde cenário quando “a tecnologia demonstrar a mesma flexibilidade e adaptabilidade em tempo real que os humanos, e também a confiabilidade e resistência do hardware (dispositivos/sensores) em ambientes adversos”.

Apesar dos desafios práticos e tecnológicos, existe um grande interesse por parte de portos, proprietários de navios e operadores nesta integração tecnológica, que “a curto prazo, atuará como assistente para a melhoria da produtividade. A longo prazo, é possível uma automação do setor”, conclui.

Colaborou neste artigo:

Genís Majoral red

Genís Majoral, engenheiro civil especializado em transporte e planejamento urbano da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC).

Atualmente trabalha como pesquisador no CENIT, onde se concentra na modelagem, demanda e economia do transporte.

Além disso, está cursando o doutorado em Engenharia Civil na UPC e mestrado em Pesquisa Econômica na UNED.

donwload pdf
Biomimética: a natureza, mestra da engenharia civil

Biomimética: a natureza, mestra da engenharia civil

Na natureza, cada forma, ligação e movimento têm um propósito, uma razão de ser. Em seu aparente caos, ela esconde o segredo da sobrevivência. A biomimética, ciência que se inspira na flora e na fauna, permite encontrar respostas eficientes na engenharia civil para...

ler mais
Riscos interconectados: experiência diante da incerteza

Riscos interconectados: experiência diante da incerteza

Os gestores de risco na Europa enfrentam hoje um cenário em que diferentes ameaças estão conectadas de forma cada vez mais profunda. Essas conexões ampliam sua probabilidade, impacto e complexidade, exigindo, portanto, uma abordagem especialmente integrada para sua...

ler mais