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Entrevista com Alfredo Arán, Diretor Geral de Negócios Globais e Corretores da MAPFRE IBERIA

Alfredo Arán, Diretor Geral de Negócios Globais e Corretores de MAPFRE IBERIA, compartilha nesta entrevista realizada por Juan Carlos López Porcel, presidente da Associação Espanhola de Gerência de Riscos e Seguros (AGERS) e Diretor de Riscos e Seguros de ArcelorMittal Espanha, para a revista Observatorio dessa Associação, detalhes de sua trajetória profissional, a evolução do mercado segurador e a importância da gerência de riscos.

Alfredo Arán Iglesia nasceu em 16 de agosto, do mesmo modo que outros personagens famosos e relevantes, como Madonna e James Cameron.

Em pessoa, sempre tem demonstrado forte energia criativa, com talento especial para enfrentar e solucionar satisfatoriamente as dificuldades que aparecem. Sensitivo, receptivo e perspicaz sem limites, é amigo de seus amigos e extremamente generoso, não se sentindo indiferente à dor alheia, sempre ficando à disposição de quem precisa dele.

Profissionalmente, falamos de um “craque” com mais de 16 postos executivos no Grupo Mapfre

publicados no BORMA, desde 2000 até 2017, representando o coração das Jornadas Internacionais da MAPFRE Global (a última edição, número XXV, foi celebrada em Granada com a presença de mais de 500 assistentes de 30 países).

Segundo suas próprias palavras, destaca-se pelo seu empenho competitivo na vida, inclusive contra si mesmo, sobressaindo sua capacidade de superação e resistência mental. Honesto e cheio de recursos quando deve procurar soluções a qualquer problema, sabe sempre ter por perto ótimas equipes, que ajudam a alcançar o sucesso almejado.

Apesar de não restar dúvidas de que tem o ar de galã de Robert Redford (sorriso incluído), acho que parece mais com o Russell Crowe… um verdadeiro Gladiador!!!

Na seguinte entrevista, ele compartilha algumas de suas enriquecedoras experiências.

Stay fit, Alfredo!

Juan Carlos López Porcel – Presidente de AGERS/Diretor de Riscos e Seguros ArcelorMittal Espanha

A maioria de nós chega ao setor segurador e de riscos por casualidade. Como aconteceu no seu caso?

Bem, foi um acontecimento engraçado, como o de tantos. Eu tinha 18 anos, estava estudando ciências econômicas e minha paixão era o windsurfe, esporte que pratiquei durante esse verão quando participei de uma escola do pântano de San Juan de Madri.

Em 1978, era um dos poucos que praticava este esporte na Espanha e, nesse verão, colaboramos com uma marca holandesa de tábuas. O resultado foi tão bom, que recebi o oferecimento para fazer a temporada de inverno nas Canárias. Imagine quando disse a meu pai que iria às Canárias e estudaria à distância…! Após 15 dias dessa conversa, já estava trabalhando na Unión y el Fénix. Sem dúvida, posso dizer que o windsurfe condicionou minha chegada ao mundo dos seguros.

Você menciona que há mais de 40 anos está no mundo dos seguros. Pode mencionar como foi sua evolução no mercado segurador?

Estive na Unión y el Fénix até 1992.

Meu primeiro trabalho para essa companhia foi visitar às viúvas da Guerra Civil Espanhola, para conferir o seguro de lar que tinham com a empresa e ampliar de 3 para 500 pesetas o prêmio que elas pagavam. Agora, penso que tentar convencer aquelas senhoras a pagar o prêmio mínimo de 500 pesetas era mais difícil do que segurar hoje um satélite. Foi um ótimo aprendizado.

Em 1989, a Unión y el Fénix montou o primeiro departamento de grandes clientes de uma companhia de seguros na Espanha, que teve um grande desenvolvimento, e no qual tive a oportunidade de trabalhar e aprender muito. Em 1992, AGF comprou a Unión y el Fénix e eu mudei de projeto quando fui incorporado em MUSINI, que era a seguradora de riscos das empresas públicas espanholas do Instituto Nacional da Indústria (atual SEPI). Permaneci ali durante oito anos e, no ano 2000, ingressei na MAPFRE na direção comercial de seguros industriais. Após quatro anos, a MAPFRE comprou MUSINI. Foi tudo sobre rodas; na MAPFRE iniciávamos o desenvolvimento de um projeto importante de grandes riscos e MUSINI nos fortaleceu muito, com sua equipe e seus clientes.

Sempre estive vinculado Na MAPFRE aos grandes riscos e clientes, e muito relacionado ao mundo dos brokers e corretores. 18 anos na MAPFRE não são muitos se comparados com a antiguidade média de um funcionário na companhia, mas minha relação com a MAPFRE é de sempre, porque já tinha trabalhado antes muitas vezes e compartilhado riscos com a MAPFRE. Conhecia de perto à MAPFRE e suas equipes de direção.

Nos tornamos uma seguradora muito confortável para grandes empresas espanholas

Como aconteceu a transformação da MAPFRE para uma companhia de seguros de referência das multinacionais espanholas?

Como disse antes, a MAPFRE decide desenvolver o projeto de grandes riscos no ano 2000. Na Espanha, já éramos líderes em seguros de empresas para PME, mas praticamente não tínhamos negócios em grandes riscos.

Foi no decorrer desses anos que começamos captando clientes importantes, como INDRA, IBERIA, ENDESA, etc.; e posteriormente, com a compra de MUSINI, em 2004, que o projeto ficou completamente consolidado. Nesse momento, conjugaram-se a capacidade econômica da MAPFRE e sua presença na América Latina com a carteira de clientes de MUSINI, muitos deles estavam em plena expansão internacional, e com a incorporação de uma equipe fortemente especializada neste tipo de riscos.

Foi a combinação perfeita para conseguir potencializar o segmento dos grandes riscos na MAPFRE, já que nos tornamos um segurador muito conveniente para as grandes companhias espanholas multinacionais, que conseguiam preparar com a MAPFRE, em Madri, os subprogramas internacionais de seguros que podiam ter em diferentes partes do mundo.

Hoje em dia, 27 das 35 principais empresas do IBEX estão seguradas conosco, além de manter em nossa carteira e prestar serviço a quase todos os clientes que chegaram com MUSINI em 2004.

De seus anos na América Latina, o que mais pode destacar destes mercados?

A gestão de riscos das multinacionais espanholas e das multinacionais seguradas pela MAPFRE na América Latina possibilitou que eu viajasse e conhecesse muito bem o mercado segurador nesse continente. No mínimo, estive durante cinco ou seis anos uma semana ao mês na América Latina e tive a possibilidade de conhecer todos os países da região. Foi uma experiência que desfrutei muito e a grande diferença respeito do mercado espanhol está na necessidade de dar cobertura a riscos catastróficos.

Em fevereiro de 2010, sofremos o grande terremoto do Chile: um sinistro que afetou nossos clientes nesse país e pelo qual tivemos de indenizar cerca de 500 milhões de euros. Esse acontecimento nos fez abrir os olhos e enxergar as diferenças com o mercado espanhol que, como todos sabemos, tem a cobertura do Consórcio, de que têm estes mercados devido a sua exposição ao risco catastrófico. Depois sofremos terremotos, furacões, etc. São grandes catástrofes às quais estamos necessariamente expostos por trabalhar nesta região, e é muito importante controlar perfeitamente os acúmulos e as exposições de nossos clientes nas áreas afetadas. Na MAPFRE Global, tivemos de criar um departamento de controle de riscos catastróficos, onde atualmente trabalham cerca de 10 profissionais.

o incidente que, sem dúvida, mais me impactou foi a perda do avião da Spanair que caiu no aeroporto de Barajas em agosto de 2008

Você encontra coincidências entre sua trajetória profissional e suas corridas esportivas?

Suponho que, ao falar em corridas esportivas, você está se referindo ao meu interesse pelo running, as maratonas e as corridas de longa distância. O seguro realmente tem muita semelhança com estas provas, porque este negócio é uma corrida de fundo, que você deve desenvolver com perspectiva e visão de meio e longo prazo.

Você não pode fazer uma demonstração de resultados de grandes riscos com visão de um ano; no mínimo, é preciso projetar a cinco anos. Por exemplo, no ano anterior ao terremoto do Chile, nosso resultado e taxa combinada foram fantásticos e, no ano seguinte, a demonstração de resultados ficou completamente desordenada. É preciso estar cientes de que você deve enfrentar grandes sinistros neste negócio e de que é preciso projetar a demonstração de resultados no meio-longo prazo.

Qual foi a experiência que mais impressionou em toda sua trajetória profissional?

Sem dúvida, as grandes experiências de minha carreira profissional foram os sinistros que tive de experimentar e preparar. Houve terremotos, furacões complexos, etc.; mas o sinistro que, sem dúvida, mais impacto causou foi o do avião de Spanair, que colidiu no aeroporto de Barajas, em agosto de 2008. Lembro que no dia seguinte ao acidente estive nos escritórios centrais da Spanair, de Palma de Maiorca, e aquilo era uma autêntica tragédia.

Quais são suas melhores lembranças profissionais de todos estes anos?

Tenho ótimas lembranças, entre elas ter implementado os programas internacionais de seguros de grandes multinacionais. Estarmos envolvidos desde o início nos programas de empresas como ArcelorMittal, Repsol, Telefónica, Endesa, Cepsa, Red Eléctrica, Naturgy ou Prosegur, por exemplo, e sermos capazes de brindar soluções a seus riscos a nível mundial, é muito gratificante.

E, embora pareça estranho, também tenho ótimas lembranças dos sinistros que resolvemos satisfatoriamente, que são muitos, como o de Campofrío, El Pozo, de alguns hotéis que temos segurados na América Latina… São gestões complexas e você sente muita satisfação quando consegue fechar acordos com clientes, e ver que o seguro permite que continuem com sua atividade profissional.

Que tipo de relação possui com AGERS e desde quando?

Lembro que, em 1992, participei no I Congresso Nacional de Gerente de Riscos de AGERS e acredito que, a partir desse momento, não deixei de comparecer a nenhum. Mas foi desde o ano 2000, que coincide com minha incorporação na MAPFRE, que meus chefes decidiram que eu seja o representante da companhia nesta associação. Sempre tive uma relação muito próxima com seus diretores e diferentes Presidentes e me sinto muito satisfeito por ter podido manter, durante tantos anos, esta estreita parceria.

Uma conta de resultados de grandes riscos não pode fazê-lo com visão a um ano, pelo menos você deve projetar a cinco anos

Uma recomendação para as novas gerações de Gerentes de Riscos.

Minha recomendação mais básica é para não se transformarem em simples “colocadores” de riscos, que realmente ajudem às empresas a melhorar a gestão de seus riscos, que não se ocupem somente de ultrapassá-los no mercado segurador, mas que melhorem seus próprios ativos e protejam sua conta de lucros e prejuízos, sem pensar que têm um seguro por trás.

Faça alguma sugestão para reforçar o desenvolvimento da Gerência de Riscos na Espanha.

Entre todos temos de conseguir reforçar e visibilizar dentro das empresas a figura do gerente de riscos. É importante que as empresas confiram a esta função o valor que possui para a proteção de seu balanço.

Neste sentido, a MAPFRE considera fundamental continuar apoiando a atividade associativa que desenvolvem para defender os interesses desta profissão, mas também acreditamos, como já temos manifestado em outras oportunidades, que se a Espanha tivesse uma única associação que representasse os interesses de todos os gerentes de riscos seria mais forte e representativa.

Entre todos, temos de conseguir reforçar e visibilizar dentro das empresas a figura do gerente de riscos. É importante que as empresas confiram a esta função o valor que possui para a proteção de seu balanço.

Na minha opinião, os demais operadores do mercado, seguradores, resseguradores, brokers, advogados, peritos reguladores, etc., devemos continuar investindo muito em potencializar e formar os gerentes de riscos do futuro, em benefício do mercado segurador.

Que pergunta você teria gostado de responder? Você poderia responder?

Penso em me fazer uma pergunta sobre, o que eu estava fazendo no 23F de 1981 enquanto Tejero entrava no Congresso?: Há momentos na vida que estão associados a lembranças chave e, no meu caso, isto acontece com o 23 F: nesse dia, eu estava fazendo um seguro combinado de Família/Lar para um cliente na rua Arzobispo Morcillo de Madri. Isso mostra que compartilhei a maior parte de meus momentos vitais com minha atividade profissional no mundo do seguro.

Muito Pessoal

Nome completo: Alfredo Arán Iglesia.

Local de nascimento: Madri

Família: Mulher e três filhos maravilhosos.

Uma cidade: Nova Iorque.

Um livro: Qualquer livro sobre a transição espanhola.

Uma canção: neste caso eu diria dois: “Streets of Philadelphia”, de Bruce Springsteen; e “O que faz uma moça como você em um lugar como este”, de Burning, que me lembra de meus anos moços.

Um filme: Gladiador.

Um ator ou atriz: como atriz escolheria Julia Roberts pelo seu sorriso e, como ator, Morgan Freeman.

Traço principal de minha personalidade: diria que meu sorriso, apesar de não tem muito mérito porque nasci com ele. Sorrio sempre para a vida.

Meu principal defeito: bem, tenho muitos… mas talvez o que mais reconheço é a impaciência e não dedicar tempo suficiente às pessoas que amo.

No meu tempo livre gosto: de desfrutar de minha família e amigos e de fazer todo o esporte que puder.

Meu sonho: neste momento sonho com poder chegar a ser padrinho no casamento de minhas filhas. Já sei que há muito tempo, mas é o que mais gostaria no mundo.

Meu escritor predileto: a Mãe Teresa de Calcutá, sem dúvida.

Meu músico/cantor predileto: o grupo Burning, de minha juventude.

Meu esporte favorito: o running e a vela, que ainda continuo apaixonado.

Meu maior sucesso esportivo: também vou mencionar dois: as 10 vezes que corri a maratona de Nova Iorque, desfrutando como louco, por isso recomendo a todos os esportistas que façam pelo menos uma vez; e depois, também tive a oportunidade de atravessar os Andes em uma corrida de 100 km entre a Argentina e o Chile, uma autêntica maravilha da natureza. E foi lindo porque, além disso, foi feito com o objetivo de arrecadar dinheiro para ASION, que apóia em Madri a luta contra o câncer infantil. De fato, depois dessa aventura, fui nomeado por esta associação voluntário do ano, e este é o reconhecimento que mais alegria me deu em minha vida.

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